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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

                                   O Primo Basílio    

                   


Luisa casarva-se com o engenheiro Jorge, apesar de não amá-lo. Tendo que viajar para o Alentejo, Jorge deixa a esposa em Lisboa, sozinha, entregue a uma vida de tédio, pois Luísa não tem nenhuma ocupação. Um dia, recebe a visita de seu primo Basílio, antigo namorado, recém-chegado do Brasil. Tornam-se amantes em pouco tempo, encontrando-se freqüentemente em um quarto alugado especialmente para esse fim amoroso. Logo a criada Juliana descobre o relacionamento e intercepta a correspondência da patroa, escondendo as cartas comprometedoras de Luísa a Basílio.

A criada passa a fazer chantagem com a patroa, e Luísa, desesperada, propõe a Basílio que fujam. Este não aceita a proposta da amante e parte sozinho para Paris. À mercê da empregada, Luísa torna-se pouco a pouco uma verdadeira presa nas mãos de Juliana: é obrigada a fazer o serviço doméstico em lugar da criada e sua situação fica insustentável. Jorge retorna do Alentejo e estranha bastante a situação da esposa.

Luísa, desesperada, procura o amigo Sebastião e pede-lhe ajuda. Sebastião pressiona Juliana e recupera as cartas comprometedoras. A criada morre. Luísa fica doente em seguida. Um dia recebe uma carta de Basílio, que Jorge lê e toma conhecimento das relações entre a esposa e o primo. Quase convalescente, a moça tem uma recaída, delirando e entrando em estado irrecuperável. Termina por falecer.

Resumo:Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.
Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

O Teorema Katherine

Terras Metálicas          

Resumo:

A Última Guerra lavou a atmosfera com uma massa nuclear, tornando-a incapaz de sustentar a vida. Para continuar sobrevivendo, a humanidade precisou se adaptar, isolando-se numa atmosfera artificial: a Esfera, local onde tem se mantido com o passar das gerações. A utopia da sociedade reinou desde então, com a paz sendo mantida com mão de ferro pela Elite. Mas essa paz pode acabar… Raquel é uma recém-formada em primeiro nível na Academia, que passa seu tempo livre entre Saturno – o parque temático da Esfera – e divagações sobre seu sonho de voar. Ao iniciar uma nova etapa de vida, ela vai encarar a cerimônia de implante que pode tornar esse sonho realidade, se a habilidade dos Túneis lhe for conferida. Mas essa nova etapa também vai levá-la por caminhos perigosos… Raquel descobrirá que o IA, responsável por todos os sistemas de sobrevivência da Esfera, está com os dias contados. Como manter a sanidade sabendo que a vida tal qual você conhece está para acabar? Raquel ainda não tem essa resposta, mas vai precisar encontrá-la. E para isso ela precisará, mais do que nunca, da ajuda de seus amigos… Tashi, Tales, Ângelo, Camila, Liceu, Isabela e Nirvana lhe darão sustentação quando tudo o mais na utópica Esfera estiver ruindo.

domingo, 27 de outubro de 2013

                                 Zac Power

Zac Power poderia ser um garoto normal. Tem 12 anos, vai à escola, tem amigos, ouve música e toca guitarra, tem um cachorro chamado Spy... Possui todos os requisitos para ser nada mais que um adolescente com uma vida social como qualquer outra. No entanto, o que você desconhece é que Zac esconde um segredo: trabalha como agente secreto para a Agência de Investigação do Governo (AIG). No primeiro volume da série, H.I. Larry nos transporta para o principal cenário da história... a misteriosa Ilha do Veneno. A missão de Zac é encontrar o laboratório do maldoso Dr. Drástico e descobrir a fórmula para a Solução X, que o cientista maluco está desenvolvendo. Os pais de Zac e seu irmão mais velho Leon também trabalham como espiões. Em especial, nesta missão, Power se vê obrigado a seguir em frente sozinho, depois que seus pais partem para outro trabalho da AIG e Leon simplesmente desaparece. O agente Rock Star (nome de espião) precisa se virar para elaborar um plano, salvar seu irmão e impedir que o Dr. Drástico destrua a preciosa solução. O livro apresenta um enredo já bastante conhecido... Afinal, quantos filmes e livros, em que os protagonistas são adolescentes espiões, existem por aí? Acredito que a série Zac Power tenha sido o primeiro trabalho de H.I. Larry. A obra é centrada em jovens que odeiam ler, mas curtem explosões, aparelhos eletrônicos de espionagem, robôs, escaladas, mistérios, submarinos, planos maléficos, aventuras espaciais e mais. Para mim o livro usou recursos já existentes e deixou a desejar na inovação e na história. A linguagem é bem fácil de ser compreendida, porém, leitores que apreciam textos mais trabalhados, não se sentirão tão atraídos pela narrativa. As ilustrações que recheiam as páginas foram muito bem elaboradas. Apesar de tudo, dá para se deliciar com esta boa leitura.

                   Fogo morto- José Lins do Rego


Resumo
Primeira parte: “O mestre José Amaro”
Seleiro renomado da região, Mestre José Amaro vive nas terras pertencentes ao Seu Lula. A dedicação do homem ao ofício consome a saúde, conferindo-lhe um aspecto doentio. Mora inicialmente com a filha Marta, uma solteirona que acaba enlouquecendo, e com a mulher, Sinhá. 

José Amaro reside na beira da estrada, localização que favorece o contato com vários personagens que passam pelo caminho. Entre as principais figuras com as quais desenvolve suas conversas estão o Capitão Vitorino Carneiro da Cunha, de quem se apieda pelo modo como é tratado pelo povo da região; o cego Torquato e Alípio, mensageiros do Capitão Antônio Silvino, cangaceiro temido da região. O mestre admira e respeita o cangaceiro, por considerá-lo o vingador dos pobres e explorados. 

Em certo momento, Marta tem um forte ataque de convulsão nervosa e José Amaro a espanca no intuito de curá-la. Em virtude de seu semblante doentio e da insônia, que o leva a vagar pelas madrugadas nas ermas estradas da região, José Amaro é amaldiçoado pelo povo, que o acusa de ser um lobisomem. Homem orgulhoso, que sempre se gabava de trabalhar apenas para quem lhe aprouvesse, o mestre se indispõe com o dono da terra em que vivia, de onde acaba sendo expulso. 

A tragédia do personagem se completa com a internação da filha, que enlouquece, e com a fuga da mulher, que teme sua figura doentia e vai aos poucos acreditando nas histórias do povo, até enxergar no marido a figura maldita do lobisomem. 

Seu fim trágico só será revelado na terceira parte do livro: entregue à própria sorte, José Amaro é preso e humilhado pela tropa do Tenente Maurício, acusado de colaborar com o Capitão Antônio Silvino. Perdido irremediavelmente o orgulho, único bem que possuía, o mestre se suicida. 

Segunda parte: “O Engenho do Seu Lula”
Para contar a história do personagem Luís César de Holanda Chacon (Seu Lula), o narrador promove um recuo temporal rumo à época da construção do Engenho de Santa Fé. O fundador do engenho fora o capitão Tomás Cabral de Melo, que chegou à região, um sítio próximo ao engenho Santa Rosa, e criou um dos maiores engenhos do local, conquistando o respeito e a admiração de todos. 

Homem sério e trabalhador, o capitão trouxera para a região gado de primeira ordem, escravos e a família. Construído seu imenso patrimônio, faltava a ele uma única realização: casar a filha – que tocava piano e havia estudado no Recife – com um homem digno de sua educação. Rejeitando todos os pretendentes da região, por não terem os requisitos necessários, o capitão começa a se preocupar com a idade da filha e com sua condição de solteira. 

É quando chega de Pernambuco o filho de Antônio Chacon, homem de coragem e muito admirado pelo capitão. O nome do rapaz é Luís César de Holanda Chacon. Fino e estudado, é considerado pelo capitão Tomás um ótimo partido para a filha e para suas ambições. 

Depois de casado, o capitão percebe que o genro não se interessa pelo trabalho do engenho e passa a considerá-lo um leseira (pessoa tola ou preguiçosa) para os negócios. Após a morte do capitão, essas suspeitas se confirmam. Seu Lula, como passou a ser chamado, mostra-se um senhor de engenho autoritário, que impõe severos castigos aos escravos e lidera sua família e o engenho sem o talento nem o trabalho do capitão Tomás. Dessa forma, o engenho entra em decadência e, após a abolição da escravatura, os escravos debandam e o engenho deixa de produzir açúcar (torna-se “fogo morto”).

Comandando tudo de forma autoritária, Seu Lula proíbe sua filha Neném de namorar um moço de origem humilde e a moça acaba virando motivo de chacota na cidade. Após um ataque epilético, Seu Lula passa a se entregar à religião sob influência do negro Floripes. Por fim, acaba gastando todo o dinheiro que havia recebido de seu sogro como herança. Esta parte do livro se encerra com a famosa frase “Acabara-se o Santa Fé”. 

Terceira parte: “O Capitão Vitorino”
Capitão Vitorino é uma personagem que perambula pelas estradas, como um cavaleiro errante, ostentando um poder e uma dignidade que está longe de possuir, sendo uma paródia de Dom Quixote de La Mancha. O capitão vive, assim como Mestre José Amaro e Seu Lula, em uma realidade muito diferente da que tenta aparentar. 

Certo dia, o capitão Antônio Silvino invade o engenho Santa Fé após saquear a cidade do Pilar. Ao tentar defender o engenho, Capitão Vitorino é agredido. Porém, ele é salvo com a intervenção de José Paulino. Com a chegada da polícia, todos são presos. Após ser liberado, Vitorino pensa em seguir carreira política na região.

Personagens
Mestre José Amaro: é branco e sente-se orgulhoso por isso. É explorado por seu patrão, mas sabe que não tem outra alternativa. Trabalhador livre, tem coragem e apoio do cangaço.
Seu Lula (Lúis César de Holanda Chacon): 
preguiçoso e autoritário, acaba perdendo toda a herança que recebeu e arruinando o Engenho Santa Fé. Após perder tudo, refugia-se na religião.
Capitão Vitorino Carneiro da Cunha (Papa-Rabo): é o defensor dos mais pobres e dos oprimidos. Embora plebeu, por ter parentesco com o Coronel José Paulino, diz-se capitão.
Coronel José Paulino: poderoso senhor de engenho.
Sinhá e Marta: respectivamente mulher e filha do Mestre José Amaro. 
Amélia: esposa do coronel Lula. 
Adriana: esposa do Capitão Vitorino. 
Capitão Antônio Silvino: chefe dos jagunços que atemorizam os senhores de engenho e políticos da região, lembra a figura do lendário Lampião. 
Tenente Maurício: chefe das tropas do governo, é antagonista do Capitão Antônio Silvino.

Sobre José Lins do Rego
José Lins do Rego nasceu no engenho Corredor, em Pilar (Paraíba), no dia 3 de junho de 1901. Foi criado no engenho de seu avô materno, uma vez que seu pai era muito ausente e ele era órfão de mãe. Formou-se em 1923 na Faculdade de Direito do Recife, Pernambuco. Durante sua época de estudante começou a escrever contos e artigos com temática política, vindo a manter amizade com diversos escritores e intelectuais importantes da época. Dentre eles, destaca-se o sociólogo e escritor Gilberto Freyre, uma de suas maiores influências. 

Casa-se em 1924 com Philomena Massa, com quem terá três filhas. No ano seguinte, torna-se promotor público em Minas Gerais, mas transfere-se em 1926 para Maceió (Alagoas). Em Maceió, José Lins do Rego irá conviver com o meio literário formado por Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima e outros, vindo a formar sua consciência regionalista. Sua obra de estreia, "Menino de Engenh"o, foi publicada em 1932 e recebeu o prêmio da Fundação Graça Aranha. 

Em 1935, muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa o restante de sua vida. Em 15 de setembro de 1955 é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Dois anos depois, em 12 de setembro de 1957, falece no Rio de Janeiro. 

fonte:

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/fogo-morto-resumo-obra-jose-lins-rego-703817.shtml

                         Casa de Pensão (Aluísio Azevedo)


Amâncio da Silva Bastos e Vasconcelos, rapaz rico e provinciano, abandona o Maranhão e segue de navio para o Rio de Janeiro (à Corte) a fim de se encaminhar nos estudos e na vida. É um provinciano que sonha com os deslumbramentos da Corte. Chega cheio de ilusões e vazio de propósitos de estudar... A mãe fica chorosa e o pai, indiferente, como sempre fora no trato meio distante com o filho. O rapaz tinha que se tornar um homem.Amâncio começa morando em casa do Sr. Campos, amigo do Pai, e, forçado, se matricula na Escola de Medicina. Ia começar agora uma vida livre para compensar o tempo em que viveu escravizado às imposições do pai e do professor, o implacável Pires.Por convite de João Coqueiro, co-proprietário de uma casa de pensão, junto com a sua velhusca mulher Mme. Brizard, muda-se para lá. É tratado com as maiores preferências: os donos da pensão queriam aproveitar o máximo de seu dinheiro e ainda arranjar o seu casamento com Amélia, irmã de Coqueiro (um sujo jogo de baixo interesses, sobretudo de dinheiro). Naquele ambiente, tudo ocorria para fazer explodir a super-sensualidade do maranhense.A casa de pensão era um amontoado de gente, em promiscuidade generalizada, apesar da hipócrita moralidade pregada pelo seu dono: havia miséria física e moral, clara e oculta. Com a chegada de Amâncio, a pensão passou a ser uma arapuca para prender nos seus laços o jovem inexperiente e rico estudante: pegar o seu dinheiro e casá-lo com a irmã do Coqueiro. (Amâncio passara a pagar todas as contas da família).Para alcançar o casamento de Amâncio com Amélia todos os meios eram absolutamente lícitos. Amélia, principalmente quando da doença do rapaz, se desdobrou nos mais íntimos cuidados. Até que se tornou, disfarçadamente, sua amante sempre mantendo as aparências do maior respeito exigido dentro da pensão pelo João Coqueiro... Amélia se oferecia o tempo todo.O pai de Amâncio morre no Maranhão. A mãe chama o filho. Ele pretendo voltar logo que terminem os seus exames de medicina. Era preciso que o filho voltasse para vê-la e ver os negócios que o pai deixara. Mas o rapaz está preso à casa de pensão e à Amélia: esta o ameaça e só permite sua ida ao Maranhão, depois do casamento com ela.Amâncio explicava que precisava muito ir ver a sua mãe necessitada. Mas, Amélia, morrendo de ciúmes dele ir-se embora e conhecer outras mulheres no Maranhão, protestava: ele não iria jamais!Então Amâncio prepara sua viagem às escondidas. Mas, no dia do embarque, um oficial de justiça acompanhado de policiais o prende para apresentação à delegacia e prestação de depoimentos. Amâncio é acusado de sedutor da moça. João Coqueiro prepara tudo: o caso foi entregue ao famigerado Dr. Teles de Moura. Aparecem duas testemunhas contra o rapaz. Começa o enredado processo: uma confusão de mentiras, de fingimentos, de maucaratismo contra o jovem rico e desfrutável para os interesses pecuniários de Mme. Brizard e marido. Há uma ressonância geral na imprensa e, na maioria, os estudantes se colocam ao lado de Amâncio.O senhor Campos prepara-se para ajudar o seu protegido, mas Coqueiro lhe faz chegar às mãos uma carta comprometedora que Amâncio escrevera à sua senhora, D. Hortênsia. (pois Amâncio se envolvia sentimentalmente com as mulheres casadas da pensão, em especial Hortência, esposa de Campos). Campos então se coloca contra quem não soube respeitar nem a sua casa...Amâncio continua preso. Três meses depois de iniciado o processo, Amâncio é absolvido. O rapaz é levado em triunfo para um almoço, no Hotel Paris. Todo mundo olhava com curiosidade e admiração o estudante absolvido. E lhe atiravam flores, Ouviam-se vivas ao estudante e à Liberdade. Os músicos alemães tocaram a Marselhesa. Parecia um carnaval carioca.Em outro plano, Coqueiro, sozinho, via e ouvia tudo. Sua alma estava envenenada de raiva. Quando em casa, sua mulher o acusava de todo o fracasso. As testemunhas reclamavam o pagamento do seu depoimento. Um inferno dentro e fora dele. Chegaram cartas anônimas com as maiores ofensas. Um homem acuado... Tinham-lhe acabado a vida boa.Coqueiro também tinha muita vergonha do que a cidade estava comentando sobre a sua irmã prostituída. Não poderia isso ficar assim.Pegou, na gaveta, o revólver do pai. E pensou em se matar. Carregou a arma. Acertou o cano no ouvido. Não teve coragem. Debaixo da sua janela, gritavam injúrias pela sua covardia e mau caráter... No dia seguinte, de manhã, saiu sinistro. Foi ao Hotel Paris. Bateu no quarto II, onde se encontrava o estudante com a rapariga Jeanete. Esta abriu a porta. Amâncio dormia, depois da festa e da bebedeira, de barriga para cima.Foi então que Coqueiro atirou a queima-roupa em Amâncio. E Amâncio passa a mão no peito, abre os olhos, não vê mais ninguém. Ainda diz uma última palavra: mamãe ... e morre.Coqueiro foi agarrado por um policial, ao fugir. A cidade se enche de comentários. Muitos visitam o necrotério para ver o cadáver de Amâncio. Vendem-se retratos do morto. Um funeral grandioso com a presença de políticos, notícias e necrológicos nos jornais, a cidade toda abalada. A tragédia tomou conta de todos.A opinião pública começa a flutuar, a mudar de posição: afinal, João Coqueiro tinha lavado a honra da irmã...Quando D. Ângela, envelhecida e enlutada, chega ao Rio de Janeiro, se viu no meio da confusão, procurando o filho. Numa vitrine, ela descobriu o retrato do filho na mesa do necrotério, com o tronco nu, o corpo em sangue. Uma legenda: Amâncio de Vasconcelos, assassinado por João Coqueiro, no Hotel Paris...

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

harry potter e as relíquias da morte

Harry Potter and the Deathly Hallows
Em As Relíquias da Morte a face oculta dos principais personagens é revelada, o que leva o leitor a sentir uma empatia maior por eles, uma vez que seus conflitos e dilemas interiores são semelhantes aos de cada ser. Mesmo entre os próprios Comensais da Morte é possível encontrar por trás das máscaras criaturas mais humanizadas.
O tema que mais se destaca, porém, é o da própria morte. E aqui, ao contrário do que se pode imaginar, a indagação mais importante não é se a autora decidiu ou não matar o protagonista de sua saga, mas sim a sua concepção sobre esta questão delicada e controvertida.
Logo no início do livro o leitor encontra duas epígrafes que deixam claras as idéias de Rowling sobre a morte, que ela vê como uma passagem, um mero despojamento do corpo físico, a viagem mais significativa da alma humana por paisagens que, embora desconhecidas, não configuram o fim de tudo, mas sim um novo começo, a possível cura dos males que não se resolvem nas paragens terrenas. Ou, no caso das criaturas sombrias, uma maldição que se prolonga.
Rowling cria, dentro desta visão, um cenário perturbador, dominado pela presença iminente da morte, que parece se impacientar cada vez mais, exigindo incessantemente seu quinhão de almas, como se revela em uma das histórias extraídas do livro de fábulas Os Contos de Beedles, o Bardo - inserido pela autora neste enredo e posteriormente lançado como uma obra independente -, uma espécie de contos de fadas para bruxos.
Nesta trama, intitulada O Conto dos Três Irmãos, narra-se como surgiu a lenda sobre as Relíquias da Morte, dádivas oferecidas pela própria morte a três irmãos que ousam desafiá-la, com a oculta intenção de colher suas vidas. Esta alegoria  só reforça a forma de agir desta coletora de almas, o quanto ela é temida, transformada em tabu, indesejada, porém inevitável.
Neste último livro, Harry e seus amigos seguem atrás das horcruxes, que contêm os fragmentos da alma de Voldemort. Supostamente ele se fragiliza à medida que cada uma delas é destruída. Desta forma, cresceriam as possibilidades de sua derrota. Mas os segredos se multiplicam, assim como as dúvidas do protagonista.
Em determinado momento ele se vê diante de um angustiante dilema: seguir atrás das horcruxes ou encontrar as Relíquias da Morte e, assim, vencer esta última barreira, transformando-se no Senhor da Morte, entidade que paira cada vez mais sombria sobre os caminhos percorridos por Harry e seus companheiros.
Na trama nada é o que realmente parece ser. Este é o toque de gênio da autora, que a cada passo surpreende mais o leitor, criando assim uma trama inteligente, profunda, de tirar literalmente o fôlego. Suas 590 páginas não intimidam, pois uma vez que se inicia a leitura, é praticamente impossível parar.
Definitivamente J. K. Rowling teceu, ao longo dos bastidores de sua saga, ou nas entrelinhas, como se preferir, mais que uma fábula infanto-juvenil. Um olhar mais atento pode, sem dúvida, encontrar em suas páginas uma séria discussão sobre a alma humana, o destino do Homem, o terrível embate entre luzes e sombras, não só no âmbito externo, mas principalmente no interior do próprio ser, e sobre o definitivo encontro com a Morte.
No final, resta ao leitor, além destas profundas reflexões, as saudades melancólicas dos personagens, que com certeza já entraram para a galeria dos seres fictícios inesquecíveis, para sempre eternizados na memória dos fãs de Harry Potter.