Descrição:
Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresario Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingenua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir á beleza discreta, á timidez e ao espirito independente de Ana, Grey admite que também a deseja, mas em seus próprios termos.
Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferencias de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso, os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumindo pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos...
Resenhas:
A trilogia Cinquenta Tons de Cinza mostra que, quando o assunto é sexo,
ainda existe muito terreno para se explorar na literatura
A literatura erótica não é novidade. Na antiguidade, textos de autores como
Safo e Petrônio já faziam corar os recatados. Ao longo da história, o gênero
teve autores de qualidade variada, de clássicos como Henry Miller às coleções
Sabrina e Júlia, vendidas em bancas. O que há de novo, então, na trilogia
Cinquenta Tons de Cinza, que já vendeu 40 milhões de exemplares no mundo e cujos
dois primeiros volumes acabam de ser lançados no Brasil?
Primeiro, a origem. Cinquenta Tons surgiu na internet, como uma fanfic - ficção
criada por fãs - da série Crepúsculo. A dona de casa australiana E L James fez
uma obra inspirada na saga de vampiros, mas recheada de sexo. A fanfic fez
tanto sucesso que virou livro.
A febre é ainda mais surpreendente quando se considera o teor da obra. Os
protagonistas vivem uma relação BDSM ("bondage, dominação, sadismo e
masoquismo"). Anastasia, uma garota inexperiente de 21 anos, envolve-se
com o milionário Christian Grey, que propõe uma relação em que ele é o
dominador e a garota, a submissa. Tudo consensual.
Pueril, talvez, para os fãs do Marquês de Sade, a obra é a primeira chance para
boa parte do público de consumir esse material. "As donas de casa
conquistaram a liberdade de se excitar com esse tipo de experiência, que já faz
parte do cardápio dos praticantes mais experientes", diz Flávio Braga,
autor de obras eróticas como Eu, Casanova, Confesso (Best Seller). Para Clara
Castro, estudiosa da literatura libertina francesa do século 18, essas questões
interessam justamente por serem tabus. "Normalmente, esse conservadorismo
é uma máscara ou uma imposição da sociedade", afirma.
Análises mais rasas atribuem o sucesso da obra a uma suposta vontade de
submissão das mulheres modernas. Bobagem. Basta pensar em Leopold von
Sacher-Masoch, autor que deu origem ao termo masoquismo. Em A Vênus das Peles
(Hedra), de 1870, sua obra mais conhecida, inspirada em sua vida pessoal,
Sacher-Masoch retrata um personagem que atinge o gozo ao ser chicoteado pelo
amante da esposa.
Cinquenta Tons serve para colocar na berlinda os tabus ainda presentes ao se
falar de sexo. Claro, trata-se de um best-seller e tem linguagem simples. Mas,
se o estilo não agradar, o leitor mais exigente sempre pode recorrer aos
clássicos.